Segundo o estudo realizado pela Universidade de Coimbra, a ansiedade infantil em Portugal, tem maior prevalência em crianças do sexo masculino e com menor poder socioeconómico.1

O impacto da doença no desenvolvimento da criança, no decorrer da sua infância, afeta negativamente a vida escolar e social, podendo inclusive ter repercussões na vida adulta.1

 

O que é a Ansiedade Infantil?

A ansiedade infantil é uma reação comportamental, física e emocional, temporária, a uma situação já passada, vivida no momento ou que poderá ser experienciada no futuro. Esta manifestação de comportamento vária de intensidade (ligeira/ grave) consoante a idade e o temperamento da criança.2

Apesar do estado de ansiedade em crianças ser temporário, ou seja, os sintomas experienciados são momentâneos, a ansiedade infantil pode acompanhar a criança até à vida adulta. A duração dos sintomas e o não tratamento dos mesmos pode avançar o estado de gravidade da doença, passando-a de episódica a crónica.3

 

O que causa a Ansiedade Infantil?

A ansiedade infantil tem várias causas, não podendo ser atribuído o despoletar do estado de ansiedade a uma só ação, podendo diferentes crianças reagir à mesma situação de formas emocionais/físicas distintas - uma com grande ansiedade e outra sem nenhum sintoma associado à ansiedade. 

A ansiedade é um estado afetivo penoso associado a uma atitude de expectativa de um acontecimento imprevisto, mas vivido como desagradável4

Investigações sugerem ainda que fatores como estados depressivos, de ansiedade e stress dos pais também interferem negativamente na saúde mental das crianças. É essencial para bem-estar da criança, o equilíbrio familiar, estados emocionais de felicidade, alegria, amor e apoio escolar, no seio familiar.1 

Ansiedade nas crianças

Quais os sintomas da Ansiedade Infantil?

A ansiedade é uma reação de alerta do organismo a uma situação de stress ou perigo, podendo ser vantajosa em alguns momentos da vida. No entanto os distúrbios de ansiedade diferem de sintomas normais, espontâneos e momentâneos do dia-a-dia, estes são mais marcados e podem até chegar a condicionar a vida da criança.5 

Para diagnosticar a ansiedade, segundo a Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders  V (classificação elaborada pela Associação Psiquiátrica americana), alguns dos os sintomas abaixo descritos deverão de persistir pelo menos durante 6 meses, ocorrendo na maioria dos dias, estando relacionados com eventos ou atividades do dia-a-dia.6 

  • Tensão;2
  • Cansaço;2
  • Irritabilidade;2
  • Apreensão;2
  • Nervosismo;2
  • Preocupação;2
  • Agitação: choro, ausência de expressão ou expressão oral acentuada;2
  • Respiração profunda;2
  • Tremores;2
  • Alteração de comportamento;2
  • Distúrbios noturnos: insónia, pesadelos, sono agitado;2
  • Distúrbios alimentares;2
  • Apatia;2
  • Incontinência urinária;2
  • Isolamento social;2
  • Palpitações.2

 

Como tratar a ansiedade nas crianças?

A ansiedade nas crianças tem várias formas de tratamento: orientação dos pais e da criança; tratamento psicoterápico; uso de fármacos e intervenção familiar.7

Caso o seu filho experiencie sintomas de ansiedade comece por falar com ele e tente perceber de onde é que estes sintomas veem- o que é que o faz sentir-se ansioso. Existem algumas ações diárias que ajudam a criança a reduzir o seu estado de ansiedade.7

  • A criança em controlo - Deixar a criança tomar decisões: escolher o que vai comer, o que quer vestir, com que amigos quer brincar. A toma de decisões básicas vai dar à criança a sensação de controlo, diminuindo a ansiedade.
  • Contro dos distúrbios noturnos - Na hora de deitar a criança procure dar-lhe alguma estabilidade emocional. Dê-lhe mais atenção, mimos, conte uma história ou, se possível, deixe uma luz de presença ligada
  • Exercícios de respiração.

Se os sintomas continuarem e começarem a afetar a vida cotidiana da criança, o aconselhado é procurar ajuda de um profissional de saúde.7

  • Consultar pediatra ou médico - a primeira abordagem a ser feita deve ser falar com o médico e transmitir todos os sintomas experienciados pela criança. Ninguém melhor que o médico indicará o que deve fazer a seguir.
  • Psicólogo - Caso seja aconselhado pelo médico, encaminhe a criança a um psicólogo. Este vai tentar compreender qual a origem do problema e dar ao seu filho ferramentas para poder lidar com os sintomas e ultrapassar o estado de ansiedade.

 O tratamento pode, em casos graves, requerer a combinação das várias intervenções (cognitivo-comportamental, familiar e medicamentosa) simultaneamente.7

 


 

Referências

1. Costa, D. et al. (2020) «Self-reported symptoms of depression, anxiety and stress in Portuguese primary school-aged children», BMC Psychiatry. BioMed Central Ltd., 20(1), p. 87. 
2. Toshiyuki Moro, E. e Sueli Pinheiro Módolo, N. (2004) «Ansiedade, a Criança e os Pais», Revista brasileira Anestesiol, 54(5), pp. 728–738.
3. Carvalho, Á. (2017) Depressao e outras perturbações mentais Comuns, DGS.
4. Silva, O. M. (2008) Relatório final de estágio para obtenção do grau de mestre em Psicologia. Covilhã.
5. Parekh, R. (2017) What Are Anxiety Disorders?, American Psychiatric Association. Disponível em: https://www.psychiatry.org/patients-families/anxiety-disorders/what-are-anxiety-disorders (Acedido: 17 de Junho de 2020).
6. Zuardi, A. W. (2017) «Características básicas do transtorno de ansiedade generalizada Basic features of generalized anxiety disorder», Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, 50(1), pp. 51–55. 
7. Asbahr, F. R. (2004) «Transtornos ansiosos na infância e adolescência: aspectos clínicos e neurobiológicos», Jornal de Noticias, 80(2), pp. 28–33.

autor: Bolas de Sabão

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