
Apesar do tema não ser novo, ainda dá que falar. Pois é, a obesidade infantil continua a ser um problema de saúde pública e uma doença crónica que afeta a vida de milhares de crianças no mundo, incluindo em Portugal.

A obesidade carateriza-se por excesso de tecido adiposo em relação à massa magra, em resultado de um conjunto de fatores intrínsecos e extrínsecos.5
O índice de massa corporal é uma forma de identificar e monitorizar em que nível de obesidade se encontra a criança.

Através desta escala podemos obter a razão entre o peso e o quadrado da estatura, ou seja, saber se o peso é adequado à altura.1
Após feita a conta tem de verificar dentro de que faixa está o valor (o resultado) do seu filho. A obesidade ocorre quando o número de calorias consumidas é maior que o valor de calorias eliminadas. Para que tal não ocorra, há que incentivar a criança a um estilo de vida ativo e a uma alimentação saudável, baseada em legumes, fruta, fibra e carnes magras. Evite dar comida processada/de pacote.
Segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia “a nível nacional, 31,5% das crianças entre os 9 e os 16 anos são obesas ou sofrem de excesso de peso. A alimentação incorreta e a escassa prática de atividade física são a base desta situação.”6 Para além de acarretar diversos problemas de saúde, que identificaremos adiante, também a esperança média de vida fica comprometida, diminuindo.
Causas da Obesidade Infantil
De acordo com o jornal Público, “Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que envolveu mais de cinco mil crianças da Área Metropolitana do Porto, concluiu que a obesidade infantil em Portugal continua a aumentar”.2 Para tal acontecer, existem vários fatores que contribuem para a proliferação deste problema, que ganha no século 21 uma nova dimensão e torna-se a “doença da sociedade”.
Genética
Em alguns casos o excesso de peso começa na gravidez, tendencialmente porque à semelhança do filho, a mãe tem peso a mais. Segundo Marques-lopes et al., “O aumento da prevalência da obesidade em quase todos os países durante os últimos anos, parece indicar que existe uma predisposição ou suscetibilidade genética para a obesidade.”5

Uma hormona relevante quando referimos obesidade, de um prisma genético, é a leptina. A leptina é a hormona que atua sobre o hipotálamo, região cerebral que faz parte do diencéfalo, abaixo do tálamo, e tem como funções orgânicas a manutenção do equilíbrio térmico, o metabolismo, a circulação sanguínea, os estados emocionais e outros, através de estímulos para células do sistema neurovegetativo.8
A desregulação da leptina pode levar ao aumento excessivo de peso.5
História Familiar
A família tem um grande impacto quando falamos de obesidade, vários estudos comprovam que filhos de pais obesos têm também tendência para ter excesso de peso, prevalecendo até à fase adulta.5 A causa deve-se, maioritariamente, à fraca alimentação praticada no seio familiar, tendo como base produtos processados, como por exemplo: bolos ou batatas fritas.
Sedentarismo
A atividade física, além da alimentação, é um fator de importância. A obesidade na infância, como já foi referido, deve-se a fatores intrínsecos aliados a fatores extrínsecos como o excessivo consumo de calorias e fraca eliminação das mesmas. Como tal, procure fazer atividades físicas ao ar livre com o seu filho e regule o tempo passado ao computador, em frente à televisão ou a jogar consola.1
Género
As raparigas comparativamente aos rapazes têm uma maior tendência a aumentar de peso e desenvolver obesidade. Acredita-se que esta propensão tenha a ver com a fisiologia.2
Alimentação Infantil
Preocupe-se com a alimentação do seu filho, uma boa nutrição infantil é essencial para o desenvolvimento da criança, para além de prevenir doenças a curto e longo prazo. A nível mundial tem-se assistido a uma alteração no estilo de vida dos adolescentes, sendo que são menos ativos.
Em relação à alimentação, com a industrialização os alimentos são cada vez mais processados, ricos em gorduras trans e açúcares, substituindo as vitaminas, os minerais e outros nutrientes, tornando-se a primeira opção dos pais e filhos na altura de escolher o que comer. É de relembrar que os pais são o modelo dos filhos e que a alimentação começa em casa, no seio familiar.
Os primeiros anos de vida das crianças são ideais para transmitir hábitos alimentares saudáveis que poderão prevalecer para até à fase adulta.
40% dos adolescentes bebe refrigerantes diariamente, mais de metade tem um consumo de hortofrutícolas abaixo do recomendável9

Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), publicado na revista Internacional Journal of Obesity, que teve por base o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, concluiu que as crianças e os adolescentes são quem mais consome açúcar em Portugal.2
Os dados são preocupantes, pois apesar da Organização Mundial de Saúde considerar só por si a obesidade uma doença, esta traz agregada diversas consequências9:
- Pulmões
- Dificuldades em respirar;
- Fadiga;
- Apneia do Sono.
- Metabolismo
- Colesterol alto;
- Gota;
- Diabetes tipo 2.
- Reprodução
- Infertilidade;
- Incontinência urinária;
- Amenorreia.
- Cardíacos (Atinge mais de 50% das crianças/adolescentes obesos)
- Hipertensão arterial;
- Insuficiência cardíaca;
- Angina do peito.
Reeducação Alimentar
Quando referenciado um quadro de obesidade, a resolução passa, na maior parte dos casos, pela reeducação alimentar. A alimentação das crianças deve ser rica e variada de modo a proporcionar um crescimento adequado. Um bom guia alimentar para os pais e progenitores é a roda dos alimentos.
Alimentação Infantil Saudável. Vamos reeducar!
- Siga a roda alimentar e promova uma dieta equilibrada para o seu filho, com bastantes vegetais, fibras, proteínas e fruta. Reduza as carnes vermelhas, os laticínios, as gorduras saturadas e o açúcar. Evite comida pré cozinhada que prejudique a saúde do seu filho.
- Cozinhar é o melhor! Cozinhe em casa e aprenda a conjugar diferentes sabores. Uma boa dica para incentivar a criança a comer é ter pratos coloridos, alimentos com diferentes cores. Cor é igual a bom sabor, quanto mais natural melhor.
- Eduque o seu filho desde cedo a comer a cada 3 a 4 horas. Não precisa de colocar na lancheira do seu filho 7 refeições completas, nada disso, o que queremos são 3 refeições principais e que as restantes sejam snacks saudáveis, como fruta ou palitos de cenoura.
- A água é importante em todas as idades, mas nas crianças é essencial. As crianças e adolescentes adoram correr e geralmente são fisicamente mais ativos comparando com adultos. Por isso têm tendência a desidratar mais facilmente. Promova o consumo de água, faça competições saudáveis com o seu filho e tentem beber 1.5L de água por dia. Vamos ver quem vence!
- As crianças com obesidade são predominantemente sedentárias, mas há que contrariar este hábito. Pergunte ao seu filho que atividade extracurricular gostava de fazer, deixe-o escolher e motive-o. As atividades físicas desenvolvem competências importantes, para além de serem uma ótima forma de manterem o corpo saudável. A atividade física deve ser diária, mas se não for possível incentive a criança a ser dinâmica com alguma regularidade.

Fonte:(Lusa, 2019)3
Referências:
1. Direção-Geral da Saúde (2019) Obesidade, Serviço Nacional de Saúde. Disponível em: https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-cronicas/obesidade/ (Acedido: 27 de Novembro de 2019).
2. Freitas, A.I., Moreira, C. & Santos, A.C. Time trends in prevalence and incidence rates of childhood overweight and obesity in Portugal: Generation XXI birth cohort. Int J Obes 43, 424–427 (2019)
3. Lusa (2019) Obesidade infantil, Serviço Nacional de Saúde. Disponível em: https://www.sns.gov.pt/noticias/2019/07/10/portugal-obesidade-infantil-2/ (Acedido: 27 de Novembro de 2019).
4. Marinho, A. (2019) Portuguese Children And Adolescents Have A High Sugar Intake», Public Health Nutrition. Disponível em: http://ispup.up.pt/news/internal-news/criancas-e-adolescentes-portugueses-apresentam-um-elevado-consumo-de-acucares/827.html/ (Acedido: 27 de Novembro de 2019).
5. Marques-lopes, I. et al. (2004) Aspectos genéticos da obesidade, Revista Nutrição.
6. Obesidade (sem data) Fundação Portuguesa de Cardiologia. Disponível em: http://www.fpcardiologia.pt/saude-do-coracao/factores-de-risco/obesidade/ (Acedido: 27 de Novembro de 2019).
7. Rêgo, C. (sem data) Obesidade infantil: conheça os fatores de risco e saiba como a prevenir, PortoEditora. Disponível em: https://www.portoeditora.pt/paisealunos/pais-and-alunos/noticia/ver?id=28348&langid=1 (Acedido: 27 de Novembro de 2019).
8. Van De Sande-Lee, S. e Velloso, L. A. (2012) Disfunção hipotalâmica na obesidade, Arq Bras Endocrinol Metab.
9. Saúde, M. da (ed.) (2018) Retrato da Saúde, Serviço Nacional de Saúde. lisboa: Serviço Nacional de Saúde.
10. Seabra, D. (2019) ISPUP mostra que obesidade infantil continua a aumentar em Portugal, International Journal of Obesity. Nature Publishing Group, 43(2), pp. 424–427.