Cólicas no bebé? Oh não, lá vamos nós!

O período em que o bebé começa a ter cólicas é desesperante, mas tenha atenção porque neste artigo damos a informação necessária aos pais para que possam ajudar o recém-nascido a ultrapassar esta fase. Esqueçam as noites mal dormidas e os choros sofridos e constantes. Aliás, não esqueçam, mas vamos lá tentar ajudar!

 

O que são cólicas?

As cólicas surgem no início da vida do lactente e vão até aos três meses de idade, podendo em alguns casos prolongarem-se até aos seis meses. São contrações da musculatura abdominal e devem-se à deglutição excessiva de ar e a imaturidade gastrointestinal do recém-nascido. Porém, não se assuste, o seu bebé é saudável e todo este processo é natural, fazendo parte do desenvolvimento da criança.

As cólicas ou o choro excessivo é uma condição comum que afecta 40 % dos recém – nascidos
(Lam, Chan e Goh, 2019)7

Bebé com cólicas

A formação de flatos frequentemente induzem as cólicas, isto acontece porque o seu filho está a habituar-se a digerir o leite e a flora intestinal dele ainda não está formada. É uma ambientação fundamental para que o corpo da criança aprenda a lidar com os alimentos e consequentemente com os gases.

Para ajudar os pais a identificar a dor da cólica existe a “regra dos 3” – o bebé que chora mais de 3 horas por dia, mais de 3 dias por semana, mais de 3 semanas.6

 

Sintomas de cólica

Quando se trata de cólicas, o bebé tende em chorar repentinamente, um choro forte, agudo e inconsolável, rejeitando as medidas de consolo habitualmente praticadas. Este é um choro distinto e facilmente diferenciado pelos pais, muito diferente do choro de fome ou sono.

Em baixo estão algumas das caraterísticas de um bebé com dores provocadas pelas cólicas. É de referir que são mais frequentes ao final do dia, quando o bebé está cansado e o metabolismo mais lento.6

  • Chora, fica vermelho e coloca coxas fletidas sobre o abdómen. Com pequenos intervalos de alívio, o choro pode durar horas;
  • Ocorre a eliminação de gases com um alívio temporário;
  • Expressão facial de dor ou mau estar;
  • Barriga endurecida;
  • Faz força com os punhos fechados.
Bebé a chorar com sintomas de cólicas

Alimentos que causam cólicas no bebé

A alimentação da mãe pode influenciar o aparecimento de cólicas no bebé, já que a alimentação dos bebés até aos 6 meses de idade deve ser exclusivamente leite materno; no entanto, na maioria dos casos as cólicas estão relacionadas com a deglutição excessiva de ar e com a imaturidade gastrointestinal, tal como já foi referido. Mesmo assim, procure ter uma alimentação nutricionalmente equilibrada com peixe, carne, leguminosas, fruta e fibra.

Uma alimentação variada é uma importante fonte de energia para ambos, a única exceção são as bebidas alcoólicas e a cafeína.

 

Cólica em bebe recém-nascido - o que fazer?

Quando as cólicas atacam, a primeira pergunta que os pais fazem é como aliviar a dor do bebé e têm toda a razão. De acordo com Halpern e Coelho, a cólica no lactente é “fonte de estresse que frequentemente leva os pais e cuidadores à exaustão”.5

 Existem várias formas práticas de aliviar a cólica do bebé:

  • O uso de almofadas ou sacos quentes na barriga do lactente. Mas atenção! Tenha em conta a temperatura do saco e a pele sensível do seu bebé;
  • Pôr a criança a arrotar após as refeições. Encoste a criança a si, com a cabeça encostada ao seu ombro, e dê pequenas e leves palmadas nas costas;
  • Banho quente. A hora do banho ajuda a relaxar e alivia o seu bebé;
  • Dar de mamar em intervalos maiores. O ideal será dar de mamar de 3 em 3 horas. Intervalos curtos aumentam a fermentação da lactose provocando cólicas;
  • Probióticos podem ajudar! Os probióticos são compostos por microorganismos vivos que beneficiam a capacidade digestiva e a flora intestinal, reduzindo a inflamação.  Está comprovado que a estripe Lactobacillus reuteri  reduz os sintomas da cólica infantil.
  • Um passeio de carro. O passeio ajuda o bebé a distrair-se e a ser embalado pelo carro, ficando calmo até adormecer;
  • Colocar o bebé de barriga para baixo. Geralmente sentem mais conforto quando são carregados de barriga para baixo.
Bebé deitado com cólicas

Posições para aliviar a cólica do bebé

Uma forma de aliviar as cólicas no bebé e combater a obstipação é através da massagem abdominal.

A massagem abdominal carateriza-se por movimentos suaves e ritmados, que aumentam os movimentos do cólon e estimulam a circulação sanguínea nos tecidos e órgãos, além de reforçarem os laços entre os pais e o bebé.

“Este contacto íntimo aumenta a sensibilidade dos pais para identificar as pistas que o bebé lhes dá através da linguagem corporal.”(Bárcia e Veríssimo, 2010)1

A massagem também contribui positivamente para o desenvolvimento do bebé; para o descanso; para o sistema imunitário e hormonal, permitindo ganho de peso, a redução de stress e o alívio das dores.1

Segundo o estudo de Nahidi et al., os lactentes que receberam massagens durante uma semana mostraram melhorias nos sintomas da cólica. A massagem deve ser exercida diariamente para que não se instale um quadro agudo de cólicas.8 Para facilitar deve, antes de iniciar, colocar óleo vegetal nas mãos (óleo de amêndoas doces, camomila ou coco) para que escorreguem sem causar atrito.

 


 

Referências:

1. Bárcia, S. E Veríssimo, M. (2010) a importancia da massagem do bebé para as atitudes face à maternidade.

2. Colic: facts, causes and treatment (sem data). Disponível em: https://americanpregnancy.org/first-year-of-life/colic/ (acedido: 14 de outubro de 2019).

3. Colic in babies - how to treat and cope with colic | familydoctor.org (sem data). Disponível em: https://familydoctor.org/condition/colic/?adfree=true (acedido: 14 de outubro de 2019).

4. Guia para pais (sem data). Disponível em: https://www.sns24.gov.pt/guia/guia-para-pais/ (acedido: 14 de outubro de 2019).

5. Halpern, R. E Coelho, R. (2016) «excessive crying in infants», jornal de pediatria. Elsevier editora ltda, pp. S40–s45.

6. Isabel, A. E Brito, R. (2017) efeito do choro excessivo na confiança materna percebida na resposta ao sinal de choro do bebé: estudo exploratório. Uc/fpce.

7. Lam, T. M. L., Chan, P. C. E Goh, L. H. (2019) «approach to infantile colic in primary care», singapore medical journal. Singapore medical association, 60(1), pp. 12–16.

8. Nahidi, F. Et al. (2017) «the comparison of the effects of massaging and rocking on infantile colic», iranian journal of nursing and midwifery research. Medknow, 22(1), p. 67.

9. Nation, M. L. Et al. (2017) «impact of lactobacillus reuteri colonization on gut microbiota, inflammation, and crying time in infant colic», scientific reports. Nature publishing group, 7(1).

10. Sheidaei, A. Et al. (2016) «the effectiveness of massage therapy in the treatment of infantile colic symptoms: a randomized controlled trial», medical journal of the islamic republic of iran. Iran university of medical sciences, 30, p. 351.

11. Sung, V. (2018) «infantile colic», australian prescriber. Australian government publishing service, 41(4), pp. 105–110.

12. U.S. Preventive services task force (2006) «screening and interventions for overweight in children and adolescents: recommendation statement.», american family physician, 73(1), pp. 115–9. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16417074 (acedido: 14 de outubro de 2019).

13. Xu, M. Et al. (2015) «the efficacy and safety of the probiotic bacterium lactobacillus reuteri dsm 17938 for infantile colic: a meta-analysis of randomized controlled trials», plos one. Public library of science, 10(10).

autor: Bolas de Sabão

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