É importante prestarmos atenção aos distúrbios alimentares na infância. Por isso, neste artigo partilhamos consigo os principais sinais de alerta.
Frequentemente, os filhos apresentam comportamentos de recusa alimentar, o que pode ser frustrante. Na verdade, nem precisamos de ser pais para sabermos que a hora da refeição dos mais pequenos pode ser uma verdadeira tortura!
Embora esse comportamento até possa ser considerado normal nos mais pequeninos e até fazer parte do seu desenvolvimento natural, podemos e devemos desconfiar de distúrbios alimentares na infância, nomeadamente quando estes comportamentos se prolongam no tempo, uma vez que os seus efeitos podem ser devastadores.
É fundamental saber identificar o que são ao certo os distúrbios alimentares na infância, quais existem, como os identificar e como os tratar.
O que são Distúrbios Alimentares na Infância?
Os distúrbios alimentares na infância consistem na ingestão de pouca comida ou em evitar comer determinados alimentos. Estes podem ocorrer na primeira infância ou numa fase posterior de desenvolvimento. Também o comer em excesso pode constituir um distúrbio alimentar.
Importa reconhecer que existe uma grande diversidade de padrões nas crianças e nos adolescentes que decorrem do seu próprio metabolismo e genética, embora também possam decorrer de hábitos familiares e de influências sociais e culturais externas.
Apenas parte desses hábitos de alimentação se consideram distúrbios alimentares na infância, os quais podem mesmo interferir no desenvolvimento e na saúde em geral.
Distúrbios Alimentares na Infância não são Birras
Os distúrbios alimentares na infância não devem ser confundidos com birras, que são frequentes entre os mais pequeninos. Exemplo disso é a recusa das crianças em comer vegetais ou frutas ou outro alimento, uma parte do quotidiano de muitos pais!
Essas manifestações de birras enquadram-se num tipo de padrão alimentar mais seletivo. É comum ser resolvido em poucos meses e trata-se de uma recusa que , em teoria, não dá origem a problemas no desenvolvimento e no crescimento dos mais pequenos.
Os distúrbios alimentares na infância representam um problema mais profundo, com consequências mais graves.
Consequências dos Distúrbios Alimentares na Infância
Os distúrbios alimentares na infância consistem em desvios do comportamento alimentar que podem levar a diferentes consequências, incluindo um emagrecimento extremo ou, se comer em excesso, à obesidade, entre outros problemas físicos e incapacidades.
As crianças afetadas por distúrbios alimentares na infância simplesmente não conseguem ingerir calorias ou nutrientes na sua dieta em medidas recomendáveis, pecando por deficiência ou por excesso.
Os distúrbios alimentares na infância podem ser, por isso, perigosos, porque dão origem a deficiências nutricionais obrigando as crianças a terem de lidar com diversas consequências, incluindo atrasos no seu crescimento ou problemas em ganhar peso, ou ao excesso de peso, com todas as suas consequências.
No entanto, os efeitos destes distúrbios alimentares na infância não se cingem às complicações de saúde. Devido a tudo aquilo que implicam, os distúrbios alimentares na infância podem complicar a interação e a socialização e dificultar a vida na escola, por exemplo.
Principais Distúrbios Alimentares na Infância
Por norma, os distúrbios alimentares na infância correspondem a condições clínicas que têm na sua origem geralmente alterações emocionais. Desta forma, a criança ou adolescente sente-se insegura e pouco autoconfiante.
Assim, como solução para o seu mal-estar, procuram a restrição alimentar ou, pelo contrário, o seu uso excessivo.
Geralmente, os pais tendem a desvalorizar as manifestações iniciais de exclusão de alimentos na dieta ou o seu consumo excessivo. No entanto, se esse comportamento não for interrompido, a situação pode agravar-se progressivamente e dar origem a distúrbios alimentares na infância.
O cenário pode evoluir até que surjam os sinais da doença, os quais, habitualmente, aparecem já depois de algum tempo de os distúrbios alimentares na infância se terem instalado.
Alimentação Excessiva ou Compulsiva
A alimentação excessiva ou compulsiva é um do distúrbio alimentar na infância que se caracteriza por episódios diários de ingestão compulsiva de alimentos de elevado valor calórico.
Sempre que estão cansadas, ansiosas ou deprimidas, as crianças ou os jovens com este distúrbio alimentar na infância adquirem o hábito de comer doces, bolachas ou fritos, sem critério nem controlo, o que implica um aumento significativo de peso.
Alimentação Seletiva
A alimentação seletiva caracteriza-se por uma atitude inflexível em relação à alimentação. As crianças com estes distúrbios alimentares na infância só aceitam comer uma pequena variedade de alimentos, sempre os mesmos, recusando-se a experimentar outros.
Fobia Alimentar
A fobia alimentar leva as crianças a rejeitarem algumas refeições por medo de possíveis sensações de mal-estar originadas pelos alimentos, em particular, alimentos sólidos ou de uma determinada consistência, por receio de se engasgarem ou vomitarem.
Anorexia Nervosa
A anorexia nervosa caracteriza-se por uma obsessão em perder peso, negando-se até a existência de fome, cansaço ou perda de energia. Consequentemente, existe uma perda progressiva de peso.
Além disso, as anorexias nervosas são um dos distúrbios alimentares na infância com consequências mais graves nas raparigas, deixando de haver menstruação ou atrasando a primeira menstruação.
Bulimia Nervosa
A bulimia nervosa é outro dos distúrbios alimentares na infância que se caracteriza por episódios de ingestão alimentar compulsiva, seguindo-se uma etapa de vómito provocado, o mais comum, ou de longos períodos de jejum.
No caso da bulimia nervosa, não se verifica perda de peso significativo, nem o seu aumento. Antes, é frequentemente manifestada uma irritabilidade e instabilidade emocionais, ocasionalmente com comportamentos de isolamento e ocultação dos comportamentos bulímicos dos restantes membros da família.
Como Identificar Distúrbios Alimentares na Infância?
Existem características mais frequentes que se manifestam nos bebés e crianças pequenas com distúrbios alimentares na infância.
Para conseguirmos identificar os distúrbios alimentares na infância, devemos estar atentos ao comportamento dos mais pequenos e perceber que a criança demonstra ter uma perturbação alimentar quando:
- Recusa os alimentos com frequência;
- Apresenta comportamentos “inadequados” na hora da refeição (nomeadamente: choro, gritos, irritabilidade, engasgamentos e/ou vómitos. De notar que muitas vezes a criança arranja desculpas para o seu isolamento, de modo a poder vomitar);
- Encontra-se constantemente a selecionar os alimentos;
- Ganho de peso reduzido ou abaixo do recomendado;
- Parece angustiada e irritada;
- Tem compulsão para consumir alimentos.
Tratamento dos Distúrbios Alimentares na Infância
Os distúrbios alimentares na infância podem ser resultado da variabilidade de apetite própria da idade, como podem evoluir para transtornos de alimentação graves ou potencialmente fatais, nomeadamente quando se trata de uma anorexia nervosa, bulimia nervosa ou compulsão alimentar.
As crianças devem ser avaliadas por graves distúrbios alimentares na infância no caso de:
- Verbalizarem preocupações persistentes sobre a sua aparência ou peso;
- Registarem uma diminuição do seu peso ou estabilização numa idade em que se espera crescimento e ganho ponderal;
- Registarem um aumento de peso a uma velocidade mais rápida e percetível do que a taxa de crescimento prévia.
Note que a maioria dos problemas de nutrição não se prolonga por um período longo o suficiente para originar distúrbios de crescimento e de desenvolvimento.
Se a criança se apresentar bem e o seu crescimento se encontrar a progredir consistentemente num intervalo aceitável, os pais devem ser tranquilizados e encorajados a minimizar os conflitos e a coerção relacionados com o ato de comer.
Quando há uma preocupação parental prolongada e excessiva, isso até pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbios alimentares na infância. As tentativas de forçar a ingestão de alimentos pode levar a criança a vomitar ou a manter o alimento na boca.
E uma vez que os distúrbios alimentares na infância podem ser distintos, há diferentes tratamentos possíveis.
Quando se está perante um caso de anorexia nervosa ou de bulimia, por exemplo, o tratamento é difícil, pois implica a criança admitir que tem distúrbios alimentares na infância. O tratamento deve envolver psicólogos e/ou psiquiatras, para além do seu médico de família ou do pediatra.
Principais Etapas do Tratamento dos Distúrbios Alimentares na Infância
Geralmente, as crianças e adolescentes optam pelo secretismo. Não têm por hábito partilhar os sentimentos e, além disso, não reconhecem a necessidade de ajuda especializada em caso de distúrbios alimentares na infância.
Muitas vezes, o tratamento para os distúrbios alimentares na infância processa-se por meio de uma longa interação entre as crianças e o terapeuta (psicólogo ou psiquiatra).
A relação deve ser forte, intensa e de confiança e deve ser mantida à medida em que o tratamento evolui.
Além da assistência de um bom psicólogo, contar com o apoio de um nutricionista pode ser importante. No processo, pode ser necessário fazer terapia, mas também pode ser necessário tomar medicamentos. A participação e apoio da família é também essencial para alcançar um bom resultado.
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