O nome púrpura trombocitopénica idiopática (PTI) pode parecer estranho e de difícil pronúncia, mas trata-se uma doença autoimune que é importante conhecer.
Esta patologia manifesta-se quando o nosso próprio sistema imunitário destrói as plaquetas sanguíneas, o que faz com que tenhamos um decréscimo significativo do número de plaquetas existente no nosso sangue.
Por isso, quem sofre de púrpura trombocitopénica idiopática tem, geralmente, mais dificuldade em estancar hemorragias, mesmo as que têm origem em pequenas feridas ou contusões.
Outro sintoma que pode ser associado à púrpura trombocitopénica idiopática é o aparecimento de manchas roxas em diferentes zonas da pele.
Cada caso de púrpura trombocitopénica idiopática deve ser avaliado e analisado individualmente. A abordagem terapêutica passa habitualmente por tentar prevenir as hemorragias, podendo recorrer-se à toma de fármacos que reduzem a ação do sistema imunitário ou que aumentam o número de plaquetas presentes no sangue.
O que é Púrpura Trombocitopénica Idiopática?
A púrpura trombocitopénica idiopática, também designada de púrpura trombocitopénica imunológica, é uma doença hemorrágica que tem como principal característica a diminuição da quantidade de plaquetas (trombócitos) existentes no sangue.
Apesar da púrpura trombocitopénica idiopática atingir apenas uma muito pequena percentagem de pessoas, ela pode afetar qualquer um, independentemente da idade ou do género.
No entanto, percentualmente, a púrpura trombocitopénica idiopática tende a ser mais prevalente nas mulheres, podendo, contudo, manifestar-se tanto em homens, como em crianças.
Importa ainda esclarecer que a púrpura trombocitopénica idiopática não se trata de uma doença contagiosa ou hereditária, o que significa que uma mamã ou um papá com púrpura trombocitopénica idiopática não irá transmitir essa patologia ao seu filho.
Para percebermos um pouco melhor os constrangimentos causados pela púrpura trombocitopénica idiopática, há que explicar que o sistema imunológico, ou seja, principalmente os nossos glóbulos brancos, têm como função defender o nosso corpo contra as infeções que surjam no nosso organismo.
Para isso, o nosso sistema imunitário através de determinado tipo de glóbulos brancos produz anticorpos capazes de reconhecerem e de neutralizarem os corpos estranhos que invadem o nosso corpo.
Nas doenças autoimunes, como a púrpura trombocitopénica idiopática, o problema reside no facto do nosso sistema imunológico atacar erroneamente o nosso próprio corpo, como se o reconhecesse como um invasor ou um agente estranho.
Na púrpura trombocitopénica idiopática em particular, o nosso sistema imunológico não só produz anticorpos contra as infeções, como também desenvolve anticorpos contra as próprias plaquetas sanguíneas, eliminando-as.
Assim, na púrpura trombocitopénica idiopática, a somar à destruição das plaquetas sanguíneas, nomeadamente por parte do baço, também os anticorpos as erradicam.
Consequentemente, as plaquetas sanguíneas produzidas não são suficientes para compensar aquelas que são destruídas pelo sistema imunitário, o que acarreta problemas de coagulação.
Sintomas de Púrpura Trombocitopénica Idiopática
A púrpura trombocitopénica idiopática pode manifestar-se através de diferentes sintomas.
Contudo, há casos em que esta doença se pode manter mesmo assintomática, sendo diagnosticada apenas por análises sanguíneas e pelo valor baixo de plaquetas registado.
Entre os sintomas possíveis de púrpura trombocitopénica idiopática estão:
- Aparecimento frequente de manchas roxas no corpo;
- Surgimento de pequenos pontos vermelhos na pele;
- Hemorragia comum nas gengivas e no nariz;
- Inchaço das pernas;
- Presença de sangue nas fezes ou urina;
- Fluxo menstrual elevado;
- Dificuldade em estancar uma hemorragia.
Como diagnosticar Púrpura Trombocitopénica Idiopática?
O diagnóstico da púrpura trombocitopénica idiopática deve ter em conta a história clínica do doente, os sintomas apresentados e os resultados dos exames hematológicos que permitam a exclusão de outras doenças com sintomatologia idêntica e que permitam avaliar a quantidade de plaquetas e eventualmente de imunoglobulinas presentes no sangue.
Quando um hemograma apresenta um valor abaixo de 100.000 plaquetas por mm3, há um risco elevado de se tratar de um caso de púrpura trombocitopénica idiopática.
No entanto, para confirmar o diagnóstico, pode ainda ser recomendada a realização da contagem de eritrócitos, leucócitos e reticulócitos, VSH, coombs direto, tipagem sanguínea ABO e Rh.
Além disso, pode ainda ser aconselhada a realização de exames capazes de avaliarem o funcionamento do fígado e da tiroide, exame FAN e exames para infeções, como HIV, HCV e HBV.
No caso de doentes com menos de 20 anos de idade, sugere-se ainda a dosagem das imunoglobulinas A, G e M (IgA, IgG e IgM).
Como tratar Púrpura Trombocitopénica Idiopática?
Quem sofre de púrpura trombocitopénica idiopática deve evitar atividades físicas com contacto intenso (para evitar lesões) e fármacos que influenciem a função das plaquetas, como é o caso da aspirina, do ibuprofeno e de outros antiinflamatórios não esteróides.
Quanto ao tratamento da púrpura trombocitopénica idiopática, ele pode socorrer-se de diferentes recursos, como os corticoides que, além de prevenirem hemorragias, aumentam o número de plaquetas presentes na corrente sanguínea.
As situações mais ligeiras de púrpura trombocitopénica idiopática podem ser controladas evitando pancadas e feridas e realizando exames hematológicos regulares. Nas situações mais graves de púrpura trombocitopénica idiopática, em que a quantidade de plaquetas sanguíneas está muito abaixo do normal, pode ser sugerida a realização de transfusões, como as de imunoglobulina.
Existem ainda casos em que pode ser aconselhada a remoção do baço, uma vez que é aí que ocorre a destruição principal das plaquetas.
Em termos farmacológicos, há alguns medicamentos indicados para quem padece de púrpura trombocitopénica idiopática, nomeadamente:
- Fármacos, como os corticoides (prednisona ou prednisolona), capazes de reduzirem a atuação do sistema imunitário e evitarem a destruição de plaquetas sanguíneas;
- Injeções de imunoglobulinas, as quais provocam um rápido aumento do número de plaquetas presentes no sangue, com efeitos que se estendem por cerca de duas semanas;
- Fármacos, como Romiplostim ou Eltrombopag, que servem para fomentar a produção de plaquetas sanguíneas, atuando na medula óssea para esse efeito. Estes últimos são para casos mais graves.
Se identifica alguns dos sinais e sintomas descritos acima em si ou no seu filho ou filha, não entre em pânico. Consulte um médico assim que possível, de maneira a poder realizar todos os exames necessários para confirmar o diagnóstico de púrpura trombocitopénica idiopática e iniciar o tratamento mais adequado ao caso.
Se, por outro lado, já sabe que sofre de púrpura trombocitopénica idiopática e está grávida ou está a pensar ter um bebé, fique tranquila, uma vez que não há qualquer risco de transmitir esta patologia ao seu filho.
Gostou deste artigo?
0Deixe a sua resposta
O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *
O seu comentário ficará visível após aprovação.