O mutismo seletivo é um distúrbio da comunicação, caracterizado por uma incapacidade persistente de falar em situações sociais especificas, como a escola ou outro meio social com adultos ou pessoas desconhecidas. Apesar da inaptidão psicológica, a criança não apresenta problemas e é capaz de um discurso fluente sempre que se sente confortável.
O mutismo seletivo é uma condição variável na sua duração, podendo persistir de meses até vários anos (mutismo seletivo adolescência), embora na maior parte dos casos se verifique uma remissão espontânea.1
O que é o mutismo seletivo?
É diagnosticado mutismo seletivo em crianças quando estas são muito expressivas em ambiente familiar, mas incapazes de falar em ambientes específicos como a escola, ou outros lugares onde tenham de interagir socialmente.
O mutismo seletivo é uma perturbação associada à ansiedade, que pode ser notada pelos pais a partir dos três ou quatro anos de idade, quando a criança inicia a fala. Muitas vezes a desordem só é diagnosticada quando a criança entra na creche ou escola, sendo, até lá, escondida.2
O mutismo seletivo destaca-se em até 2% das crianças, com prevalência em idades compreendidas entre os 6 e os 8 anos de idade, embora estudos retrospetivos apontem para sintomas presentes desde os 3 anos de idade. É ligeiramente mais frequente no sexo feminino.1
Sintomas do mutismo seletivo
As crianças diagnosticadas com mutismo seletivo, têm características semelhantes. Uma dessas particularidades é a educação. São crianças moderadamente educadas e sossegadas na sala de aula, o seu silêncio pode ser interpretado como timidez e nunca abordado da forma correta - uma dificuldade e barreira para o desenvolvimento social e educativo.
As crianças que sofrem de mutismo seletivo têm até dificuldade em expressar necessidades básicas, como pedir para usar a casa de banho.2
Alguns sinais evidentes que a criança sofre de mutismo seletivo:
- Expressividade em casa, mas dificuldades verbais na escola ou com estranhos;2
- Incapacidade de falar com adultos, mesmo que estes sejam familiares (pais), na presença de estranhos;2
- Dificuldade em falar com os colegas de escola;2
- “Fechamento” em situações sociais;2
- Preferência pelo uso de gestos, expressões faciais e movimentos com a cabeça em vez de expressão verbal (saudações, despedidas, agradecimentos);1
- Dificuldade em manter o contacto visual;1
- Movimentos rígidos quando perto de pessoas adultas.1
Qual a causa do mutismo seletivo?
O mutismo seletivo é considerado uma fobia sem causa especifica, associada a sentimentos de ansiedade.3
A criança que sofre de mutismo tem uma tendência para sentimentos de angústia, ansiedade e dificuldade em falar quando separada dos pais. No entanto, não é observado nenhum distúrbio na fala, problema auditivo ou atraso cognitivo, já que, quando se encontram em ambiente familiar e confortáveis, são crianças comunicativas. Contudo, é possível de existir outras comorbidades associadas.3
Mutismo seletivo na escola
A escola, para grande parte das crianças, pode ser um local desafiante, no entanto, também é vista como uma zona de liberdade expressiva, aprendizagem de diferentes temas, brincadeiras e muitas amizades. Para uma criança que sofre de mutismo seletivo, a escola é vista como um local angustiante e de constante pressão.
As crianças que sofrem de mutismo seletivo na escola são habitualmente caladas, reservadas, tímidas e pouco interativas, tendo por isso dificuldade em fazer amigos ou interagir com adultos. Nestes casos a escola tem um papel fundamental, o de alerta, já que em casa a criança não demonstra tais sentimentos. Como tal, é importante haver uma comunicação aberta e continua entre os pais e a escola, de forma a saber que o comportamento e desenvolvimento da criança está de acordo com os padrões.
Tratamento para o mutismo seletivo?
O tratamento para o mutismo seletivo tem dois tipos de vertentes: intervenção medicamentosa e não medicamentosa. Dentro da abordagem não medicamentosa são possíveis várias variantes como: terapia psicodinâmica, terapia comportamental e terapia familiar. Dentro das opções medicamentosas é necessário aconselhamento medico, próprio e específico para as questões associadas à criança em questão.4
Terapia Psicodinâmica
Os pais que recorram à ajuda psicodinâmica podem observar o seu filho envolvido numa terapia lúdica. Esta forma de tratamento envolve a exploração do abrangente da vida da criança. O foco está na identificação de um conflito intrapsíquico.4
Terapia Comportamental
A terapia comportamental baseia-se numa abordagem multimetódica, que tem em conta os sintomas sentidos pela criança, quando colocada numa situação de pressão. São trabalhadas com a criança técnicas especificas como: desvanecimento de estímulos, procedimentos simbólicos, moldagem ou estímulo, gestão de contingência, auto-modelagem, e iniciação da resposta.
Todas estas técnicas trabalham a confiança, congratulando a criança sempre que um exercício é bem executado, de forma a promover o desenvolvimento continuo.4
Terapia Familiar
A terapia familiar é outra opção de tratamento, esta é especialmente relevante devido à envolvência de fatores familiares, que desempenham um papel de elevada importância no desenvolvimento da criança e remissão do mutismo seletivo.4
Referência:
1. Hanemann, S., & Araújo, A. (n.d.). Mutismo Seletivo: Da Infancia à Idade Adulta. Retrieved December 22, 2020, from http://repositorio.chlc.min-saude.pt/bitstream/10400.17/1086/1/pt_145.pdf
2. Child Mind Institute. (n.d.). How to Help a Child with Selective Mutism. Retrieved December 22, 2020, from https://childmind.org/guide/parents-guide-to-sm/
3. Selective mutism. (n.d.). NHS. Retrieved December 22, 2020, from https://www.nhs.uk/conditions/selective-mutism/
4. Wong, P. (2010). SELECTIVE MUTISM: A review of etiology, comorbidities, and treatment. In Psychiatry (Edgemont) (Vol. 7, Issue 3, pp. 23–31). Matrix Medical Communications. /pmc/articles/PMC2861522/?report=abstract
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