A doença hemolítica do recém-nascido é uma daquelas situações que podem ocorrer e que certamente não se enquadram nos seus planos iniciais.
Ter uma criança é uma aventura memorável, mas a verdade é que nem tudo será sempre encantador – esta é uma dessas potenciais situações.
Comecemos pelo início: a doença hemolítica do recém-nascido ocorre quando o tipo de sangue da mãe é incompatível com o do feto.
Consiste num quadro clínico no qual os glóbulos vermelhos são destruídos mais rapidamente do que o normal e isso, por sua vez, pode gerar hiperbilirrubinemia, anemia e, nas suas formas mais graves, resultar na morte do bebé.
Por isso, é importante saber o mais possível acerca da doença hemolítica do recém-nascido.
Continue a ler e entenda o que é a doença hemolítica do recém-nascido e quais são as suas causas, sintomas e tratamento.
O que é a Doença Hemolítica?
A doença hemolítica do recém-nascido pode ser conhecida por outros nomes, incluindo eritroblastose fetal, eritroblastose neonatal ou doença hemolítica perinatal.
A doença hemolítica do recém-nascido caracteriza-se pela destruição de células sanguíneas (hemólise) em recém-nascidos com tipo de sangue RhD positivo, o que gera diversos problemas de saúde, nomeadamente anemia grave, icterícia neonatal, lesão cerebral ou até a morte.
A causa ocorre devido à isoimunização RhD das mães com tipo de sangue RhD negativo.
Numa primeira gravidez normal, o sangue da mãe só é misturado com o do feto no nascimento ou em situações anormais (nomeadamente, em caso de aborto ou transfusão de sangue, por exemplo).
Se o tipo de sangue do filho for RhD positivo e o da mãe RhD negativo, após o primeiro contacto, o respetivo corpo pode produzir anticorpos anti-D que irão atravessar a placenta numa próxima gravidez, gerando a doença no feto (a Doença Hemolítica Perinatal). Há uma rejeição imunológica contra o filho, através dos anticorpos.
Sintomas da Doença Hemolítica
Conhecer os principais sintomas da doença hemolítica do recém-nascido é um primeiro passo fundamental para proceder ao tratamento o mais rapidamente possível, embora com o parto feito em meio hospitalar ou assistido por médico, o diagnóstico e a prevenção seja mais fácil e segura. Todavia, o melhor é a gravidez ser assistida pelo médico.
Após o parto, o recém-nascido com doença hemolítica terá tendência em se apresentar inchado, pálido ou com a pele amarelada (um quadro clínico denominado icterícia).
Além disso, o recém-nascido com doença hemolítica poderá ter o fígado ou o baço aumentados, anemia, havendo ainda a possibilidade de apresentar uma acumulação de líquido no corpo.
Causas da Doença Hemolítica
Há diversos mecanismos que podem ser associados à doença hemolítica do recém-nascido, nomeadamente:
- Os glóbulos vermelhos fetais circularem para a circulação materna no nascimento;
- O sistema imunitário materno reconhecer esses glóbulos vermelhos;
- Haver uma reação de sensibilização, com produção de anticorpos, por parte do organismo materno;
- Os anticorpos atravessarem a placenta e originarem a Doença Hemolítica Perinatal.
Tratamento para a Doença Hemolítica do Recém-Nascido
Para proceder ao diagnóstico da doença hemolítica do recém-nascido, são feitos exames de sangue à mãe e, por vezes, ao feto durante a gestação. Também podem ser realizados exames de sangue ao pai e ao recém-nascido.
Durante a primeira consulta pré-natal da gestação, pode ser recomendada à mãe a realização de um exame de sangue para determinar se o seu sangue é Rh positivo ou Rh negativo e, assim, avaliar o risco de o recém-nascido vir a sofrer de doença hemolítica.
Se o sangue da mãe se revelar Rh negativo e o resultado do exame for positivo para anticorpos anti-Rh, ou se o resultado do exame for positivo para outro tipo de anticorpo que possa originar a doença hemolítica no recém-nascido, o sangue do pai será analisado.
A sensibilização ao Rh revela-se um risco se o pai apresentar sangue Rh positivo e, por isso, o bebé poder também ser Rh positivo. Nessas circunstâncias, a mãe deve realizar exames de sangue periódicos durante a gestação para verificar os níveis de anticorpos anti-Rh.
No caso de os exames detetarem anticorpos, então são realizados exames de sangue especiais à mãe e ao feto durante a gestação e o recém-nascido é testado após o parto, pois o risco de ocorrer doença hemolítica aumenta.
Prevenção da Doença Hemolítica do Recém-Nascido
Uma forma de prevenção da doença hemolítica do recém-nascido consiste na administração de uma injeção de imunoglobulina, uma medida tomada durante a gestação e após o parto para evitar que uma mulher com sangue Rh negativo desenvolva anticorpos contra os glóbulos vermelhos do feto.
Nestes casos de risco elevado de doença hemolítica, é administrada à grávida uma injeção de imunoglobulina anti-D (anticorpos para o fator RhD) às 28 semanas de gestação.
Depois, administra-se nova injeção de imunoglobulina anti-D no pós-parto, se o recém-nascido for RhD positivo, tendo em vista a minimização do risco de doença hemolítica numa eventual posterior gravidez.
Este procedimento é realizado 72 horas após o parto, sensivelmente.
Ainda como medida de prevenção da doença hemolítica do recém-nascido, as grávidas recebem uma injeção após qualquer episódio de sangramento vaginal durante a gravidez e depois da amniocentese ou amostragem das vilosidades coriónicas.
De forma breve, a imunoglobulina Rh0(D) reveste os glóbulos vermelhos fetais que sejam Rh positivo e tenham conseguido entrar na circulação da mãe, de modo a impedir que o seu sistema imunológico os considere “estranhos” e, dessa forma, fiquem responsáveis por desencadear a formação de anticorpos anti-Rh e consequente doença hemolítica.
Este tratamento, em geral, permite impedir que a doença hemolítica do recém-nascido se desenvolva. Contudo, é fundamental que se aconselhe junto da sua equipa médica, sempre que possível.
Tratamento para a Doença Hemolítica do Recém-Nascido
Existem formas distintas de fazer o tratamento da doença hemolítica do recém-nascido. Por vezes, recorrem-se a transfusões de sangue para o feto, antes do parto, embora exista a possibilidade de se realizarem mais transfusões após o mesmo, se vierem a ser necessárias.
No caso de o feto ser diagnosticado com anemia durante a gestação, poderá também receber transfusões de sangue ainda antes do nascimento. Neste caso, é possível que estas transfusões sejam mantidas até ter amadurecido o suficiente para nascer com toda a segurança possível.
Ao mesmo tempo, antes do parto, a mãe poderá receber corticosteroides para auxiliar os pulmões do feto a amadurecerem e para se prepararem para a eventualidade de um parto prematuro. Também nestes casos o recém-nascido poderá necessitar de mais transfusões após o parto.
Em caso de anemia grave provocada pela doença hemolítica do recém-nascido, o tratamento decorre do mesmo modo como outro tipo de anemia.
Por último, há ainda a considerar o tratamento da icterícia, no caso de a condição se encontrar presente.
A icterícia tem propensão a ocorrer quando existe uma destruição dos glóbulos vermelhos e se produz um excesso de bilirrubina, o que pode suceder em caso de doença hemolítica.
A bilirrubina consiste num pigmento amarelo e o seu número em excesso (a hiperbilirrubinemia) dá uma tonalidade amarelada à pele e ao branco dos olhos do recém-nascido, a chamada icterícia.
Se a concentração de bilirrubina for excessivamente elevada, esse facto pode ser prejudicial para o bebé, uma vez que uma concentração muito elevada deste pigmento no sangue pode dar origens a danos cerebrais, porque esta bilirrubina se liga e lesa determinados núcleos cerebrais. O tratamento da icterícia pode ser feito pela luz ultravioleta (fototerapia), com os olhos tapados, ou por medicamentos.
As causas e os tratamentos associados à doença hemolítica são um caso sério que deve ser sempre acompanhado por um especialista na área. Em caso de dúvidas, informe-se junto da sua equipa médica.
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